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terça-feira, 23 de março de 2010

Um vir-a-ser... Final


Em seus sites de relacionamentos sociais, tantas frases carregadas de emoção! Não podiam ser para ele, pois se fosse não falariam de distância. Kaio sempre esteve ali, tão perto.

Certo dia em sua casa tomou coragem e deixou as palavras saírem:

" Quer namorar comigo?"

Gil ficou sem palavras por alguns instantes e disse:

"Acho muito cedo ainda Jairo"

Cedo? Não era cedo. Eles se conheciam a algum tempo. Estavam gostando de se encontrarem. Como poderia ser cedo? A intimidade já existia.
Kaio controlou bem a situação. Gil deixou escapar o que Sigmund Freud chamou de Ato Falho. Vários pontos cheio de significado que ocorrem quando se diz o que não quer dizer. Era como se o dito viesse acompanhado de um não dito também.
Gil acabou confessando tudo que estava acontecendo. Kaio não se enfureceu, mas como poderia?
Disse que Luanna tinha sido feita para ela, mas admitiu não ser possível acontecer nada entre elas. O silêncio reinou entre eles.
Onde Gil estava querendo levar Kaio? Queria só enganá-lo? Ou tentar esquecer Luanna com ele?
Provavelmente esssas perguntas não terão respostas.
Incomodava saber que alguém tão distante podia manter uma relação mais entrosada com Gil do que ele. Kaio passou a odiar Luanna sem ao menos conhecê-la. Talvez ódio não seja a palavra mais apropriada.
Era inaceitável isso. Beirava ao ridículo. Como ela poderia deixar de ficar com ele para ficar imaginando um dia encontrar Luanna? Kaio resolveu então se afastar. Acreditava ser a única forma de resolver isso. Gil estava muito confusa e kaio não podia exigir nada dela. Afinal ela era livre e ele também.
Os bons momentos vividos entre eles existiram. Estarão guardados.
Kaio de um lado e Gil de outro.
Quanto a Luanna para ele tanto faz o que aconteceu com ela!
Por fim, tantos planos, momentos e carícias ficaram latentes. Estão latentes porque não estão mortos. Como um livro, uma história que foi interrompida, mas continua a disposição para continuar.
Um vir-a-ser que poderia ter sido.
Um vir-a-ser que talvez que talvez nunca será.

Um vir-a-ser... Parte 2


Luanna morava em outro estado. Era extremamente bem resolvida e usava girias até para dar bom dia. Em contrapardida Gil se mostrava confusa e insegura. Chegou uma vez a publicar que estava " sem futuro". Mas como pode alguém estar sem futuro? Independente de ser bom, frustrante, esperado ou não, o futuro sempre há de vir.
Não teve jeito. Uma forte atração, um profundo interesse dominava as jovens. Será que Gil era bissexual e nunca tinha se atentado a isso? Ou será que só estava confundindo uma forte afinidade com algo maior? Ela não sabia, pois era confusa demais.
O silêncio é rompido fazendo com que Kaio e Gil se encontrem novamente. É impressionante, como agora, ele a via de uma ângulo que nunca tinha visto. Ela parecia mais atraente, como uma dama-da-noite exalando seu perfume sedutor.
Os dois se curtiam muito agora, mas Gil ainda teclava com Luanna. Os encontros passaram do banco da praça para a casa dele. Ambos se amavam, deixando-se levar pelo desejo. O bem querer que existia entre eles selava os momentos calientes.
Mas Gil colocaria tudo a perder, pois estava cada vez mais próxima de Luanna. Não próxima fisicamente mas emocionalmente.
Kaio não era bobo. Nunca fora. Já havia percebido o que estava acontecendo...

Um vir-a-ser... Parte 1


Oi tudo bem? De onde és?

Foi assim. Durante uma conversa no messenger que tudo começou. Gil estava realmente empolgada por conhecer Kaio. A moça, que não é boba, logo marcou um encontro com o pretendente. O lugar escolhido para se conhecerem foi na praça próxima a casa dele. Kaio adorava aquela praça. Gostava de ver as pessoas passeando com o cachorro, sentadas lendo alguma coisa, namorando. Gostava também de olhar o céu nublado em dias de chuva. Parecia esquecer o mundo a sua volta quando uma voz baixa e acanhada diz: " Oi você é o kaio, não é?"
E lá estava ela. Parada em sua frente usando uma blusa vermelha, sapatos pretos e uma bolsa provavelmente cheia de bagunças.
Gil e Kaio se sentaram em um dos banquinhos da praça e conversaram. O contato de olho foi inevitável. Gil usava óculos (parecido com aqueles fundo de garrafa) que deixava kaio pensando na possibilidade dela não conseguir enxergar sem eles.

"Então, você mora aqui perto dessa praça?"

"Sim." Respondeu ele em poucas palavras.

Kaio não sabia com certeza o que estava sentindo, mas logo inventou uma desculpa qualquer e se levantou alegando estar atrasado para um compromisso.
Por que diabos ele fez isso? Não havia compromisso algum. Ela parecia diferente no msn, parecia ser mais falante. E o que Gil tinha achado dele?
Vários meses se passaram. Eles ficaram quaze um ano sem se falarem pessoalmente.
Gil era uma pessoa muito eclética. Fazia tanta coisa ao mesmo tempo (cantava, atuava e queria mesmo era ser estrela). Tinha uma vida moderna virtual da qual gostava muito. Foi assim,
teclando que Gil conheceu Luanna...

Mudança não Metamorfose!


De repente mudou!
Eu acreditava ter uma base, um solo firme onde pudesse me apoiar.
Tudo desmoronou.
Mas acredite, isso me fez bem.
Muitos valores entraram em conflito, concepções mudaram e por um tempo era como se tivesse regredido.
Sentir-se perdido? Normal.
Ter medo do desconhecido? Normal.
Não saber com clareza o que se sente? Normal.
É tudo tão humano, tão preciso. Por isso é normal!
Alias, alguém tem extrema certeza do que é normal?
A mudança é necessária, e digo mudança não metamorfose.
Personalidade nenhuma muda da água para o vinho!
Por isso, mesmo tendo contestado meus conceitos, valores e crenças (será que são mesmo meus?)
ainda sou o mesmo.
Estou indo, indo, indo... em direção a algum lugar.
As lembranças dentro de mim não se esvairaram.
Continuo gostando de bolo de chocolate e sorvete com bastante castanha de cajú.
Então o que mudou?
A mudança, a construção e o processo não param.
Por hora posso afirmar, a forma de enxergar o mundo e a mim mesmo está mudando.
E mudando para melhor!

Imagem retirada do Fragmentos Intemporais:

sexta-feira, 19 de março de 2010

Sempre assim


Passa a noite e o dia vem.
O sol nunca tarda a nascer, até quando eu não sei.
Levanto, visto uma calça qualquer, tomo café ou chá?

Perco o ônibus, me atraso sempre.
Nas ruas tantas pessoas, nem sei quem são. Só sei que são muitas!
Diferentes cores, raças e amores. Viva a diversidade.

Um Blá Blá Blá,
que muitas vezes faz sentido. Me sinto livre, mas algo me prende.
O que é ser livre?

As vezes me amo, as vezes me odeio.
Sou tão complexo, mas me dou bem comigo mesmo.
Só sei que quero mudar. Mudar de casa, mudar de roupa, de cabelo...
Deus me livre da mesmisse!

Não tenho horários, o relógio não consegue mandar em mim.
Corro, danço e canto... ao meu jeito, claro.
Amadurecer dói, mas acaso algo na vida é fácil?

O dia vai a noite vem
Tudo fica escuro, sombrio, acho engraçado. Não tem seres estranhos andando pela casa.
As vezes em meus sonhos esses seres aparecem. Só que nem sempre são estranhos!
Me deito, me cubro e ...
Não é que o sol invade minha janela de novo!

quinta-feira, 11 de março de 2010

22



Criança, adolescente, adulto...

Por etapas nossa história de vida vai sendo construída. Acredito ser a vida um processo, um lento e gradual processo.
Quando nasci meus pulmões se encheram de ar eu chorei, chorei tanto a ponto de ficar com meu pequeno corpo todo envermelhado. Não sabia que ao longo do meu existir, aquela cena se repetiria.

Porém ao ser inserido em um mundo abarrotado de significados, sentidos e convenções sócio-culturais, estabelecidas ao longo de muitos anos fui "moldado".

Aprendi com papai e mamãe (que por sinal também aprenderam com seus antepassados) que azul é cor de menino e rosa é de menina. Me disseram que eu como menino deveria brincar de carrinho, jogar futebol, soltar pipa e não podia chorar. Sendo assim, já que não podia demonstrar meus sentimentos, não vi outra saída senão reprimi-los. Adolescente de poucas palavras, continuei aprendendo que para ser aceito em um grupo de amigos, era preciso gostar das mesmas músicas, usar o mesmo estilo de roupas, sair para balada e azarar.

Aprendi também que homem nasceu para a mulher e mulher nasceu para ser dona de casa, esposa e mãe.
Qualquer pessoa que fuja a essas "regras" são vistas pela sociedade de forma diferente. Nunca entendi o porquê. Mas quem era eu para entender alguma coisa? Agora, enquanto um adulto jovem, percebo o quanto existem interesses por trás de tudo o que me ensinaram.

Começo a ter maior clareza do quanto nos tornamos alienados. As elites fazem das pessoas apenas engrenagens para continuarem alimentando o sistema.
Será que esse choro reprimido que trago em mim não passa de uma construção social? Penso que tudo isso nada mais é do que a forma como me ensinaram a enxergar o mundo e a mim mesmo. Porém, hoje completando 22 anos, isso me motiva. Não sou mais o mesmo de antes, o tempo vôou e nem percebi. Estou hoje melhor do que nunca estive. Sinto ânimo de lutar por uma sociedade melhor. O conhecimento é a principal arma que disponho para isso !

quarta-feira, 10 de março de 2010

Solitude


Alone, Allein, Solo, Seul
... Quem nunca se sentiu assim?


Todos independente de classe econômia, cor, descendência e estatus social estão sujeitos a sentirem solidão.

Sentir-se sozinho não é o mesmo que estar sozinho. O pior tipo desse sentimento se manifestar acontece quando estamos cercados de pessoas por todo lado, mas mesmo assim nos sentimos solitários.

Parece que de repente as pessoas perdem a sensibilidade de entender, ouvir, e simplesmente perceber que algo não está bem.
Pode acontecer também de não conseguirmos transmitir aos outros aquilo que se passa dentro de nós, pois nem sempre é fácil distinguir o que a gente mesmo esta sentindo.

Mas sabe o que acredito ser pior nessa historia? É descobrir que as pessoas ao nosso redor, aquelas que estão do nosso lado, seja na fila das casas lotéricas ou sentadas próximas a nós na lanchonete podem estar na mesma situação. Sentem-se só mesmo tendo várias pessoas ao lado delas.

É como se as relações não fossem satisfatórias, os diálogos não fossem sinceros, a escuta não fosse genuína. Talvez seja tudo isso, talvez não seja nada disso.

Nem mesmo os inúmeros sites de relacionamentos ( saõ tantos!) do qual não conseguimos viver sem, suprem essa necessidade de presença. Me parece que quanto mais buscamos formas alternativas de interaçao (Msn, Orkut, Twitter, facebook...) mais nos sentimos....

Sozinhos!

terça-feira, 9 de março de 2010

O dia em que o diálogo virou um monólogo...




Sei lá... tinha uma urgência, uma necessidade de não sei bem o que. Só sei que tinha!



Sempre fui meio cético quanto ao amor. Para mim é apenas uma forma Hollywoodiana usada pelos meios de comunicação para vender mais e mais.
Talvez por que eu nunca o tivesse sentido. Talvez por que não tinha achado a pessoa
certa... São tantos clichês!
Bem, depois de me envolver demais, senti algo diferente em mim.

Descobri que posso ser tudo que não queria
ser: romântico.
Me senti dominado por uma vontade de estar junto, o tempo
todo! Era como uma crise de abstinência, só passava quanto consumia você de
alguma forma. Minha droga!



Clarice Lispector me avisou " Saudade é um
pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é
tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda...". Exatamente assim. Ainda não havia sentido nada parecido por ninguém, isso é ainda novo pra mim. Será que me ensinaram errado? Me disseram que o amor é o sentimento mais nobre que existe, mais lindo e benevolente. Comigo não foi assim não. O meu querer estava exagerado, e bem sei, tudo em excesso não é saudável.
Então, o que sentia não tinha muito a ver com o que me ensinaram sobre o amor!
Então não era amor, ou era apenas uma forma peculiar de amar? Esperei tanto pelo
nosso diálogo, o momento de ouvir algo que me trouxesse a sensação de liberdade
que nos momentos que passamos juntos encontrei.

Mas o diálogo acabou se tornando um monólogo. Seu silêncio, me disse tudo! Minhas palavras foram sinceras! Tinha
que ter entendido, que quando digo "tanto faz" é porque me importo. quando digo
" tô nem aí" no fundo estou me corroendo. E quando digo " gosto de você" isso é
maior que parece ser! Se da minha boca sair "Gosto MUITO de você" é por que não
consegui dizer, o que queria dizer... Tinha que ter entendido.

Amor rômantico: ainda não sei se acredito em você !

FACES DECADENTES


Há algum tempo venho buscando formas alternativas de me expressar. Criar um personagem, ou uma máscara, onde eu pudesse me esconder e dizer o que eu quisesse me pareceu interessante. Mas que graça teria expressar sentimentos e opiniões sem dizer a todos que tudo isso veio de mim? Não estaria sendo sincero. Então, resolvi criar o Faces, uma tentativa de encontro comigo mesmo.
Faces não designa várias personalidades, ou vários rostos. Apenas uma figuração de que mesmo sendo uno, existe pluralidade em mim, e em você. Isso é fantástico porque assim consigo gostar de tantas coisas ao mesmo tempo, sem me prender ou até mesmo me preocupar em ser coerente o tempo todo. Gosto de Psicologia e dança (coisas totalmente distintas) e não há problema algum nisso! Adoro estar na presença de meus amigos, mas também não abro mão dos maravilhosos momentos que passo comigo mesmo, sozinho.
O melhor de tudo é saber que não tenho que ser do mesmo jeito para sempre. Todo ser está em constante modificação, ao mesmo tempo sem deixar sua essência se perder. São como Faces decadentes, como folhas no outono. Sempre passam, sempre se renovam.