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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O desabafo


Mauro não aguentava mais o aperto que sentia lá de dentro. Era aperto de peito, de coração mesmo! Esses são cruéis, pensava ele. Enquanto falava e pensava, seu amigo parecia escutar cada palavra com atenção.
__ Sente-se.
Disse Mauro.
__ Obrigado, então conte-me tudo que se passa com você, amigo.
Sentados ali um de frente para o outro, com o ar dançando em volta deles, Mauro contou ao amigo tudo....
__... eu sei que não fui enganado,ele sempre deixou bem claro que não queria namorar. E eu aceitei isso! Mas havia algo em mim que ainda acreditava. E aquela marca? Eu acreditava que talvez tudo mudasse depois do ano novo. Acaso não é no ano novo que os sonhos se realizam?
__ Ao menos é o que dizem. Disse o amigo.
Mauro parecia não escutar, ele queria falar, pois precisava se expressar!
__ E quero um amor, uma paixão com tesão, e não importa se irá durar 6 dias, 2 anos ou 20. Eu quero que seja intenso, isso é amor. Então, eu disse que não iria cobrar nada dele, só o que ele pudesse me dar, mas afinal o que ele poderia me dar? Talvez eu nunca saiba...
__ Talvez só de não cobrar você já o fizesse. Interrompeu o amigo fazendo leves gestos com as mãos.
__ Ele me deixa confuso amigo, se não quer algo sério por que não me deixa distanciar? E o pior, soube que ele está conhecendo outro rapaz. Dizia Mauro olhando no fundo dos olhos do amigo enquanto imaginava o roxo escondido embaixo do braço.
__ Então, vim embora por que eu disse que não ia cobrar nada e se ficasse para conversar eu sei que iria acabar deixando algo escapar, algo que talvez devesse ficar só pra mim. E sabe, meu amigo, ele disse que queria conversar comigo. Eu não consigo disfarçar como estou, meu humor não é camuflável. É fácil saber como estou, portanto se me ver partindo 'aparentemente' sem rumo, deixa.
E ali por alguns segundos, ou seria minutos? O tempo passou, o silêncio só foi incomodado pelo vento que brincava ao balançar as folhas de uma árvore, desconhecida por Mauro.
__ Obrigado amigo, você me deu o que é mais difícil de se encontrar: sua escuta ativa. Essa  escuta é  genuína, um lugar onde eu posso dizer o que eu quiser sem ter medo de julgamentos. Obrigado.



terça-feira, 1 de novembro de 2011

Espelho meu!


E tenho aprendido a importância de me olhar no espelho. Mas não qualquer espelho, este tem que estar repleto de verdades. O reflexo me leva a reflexão. Ao me levantar com cara amarrada, afinal detesto acordar cedo, corro para o espelho. É claro que me assusto com o que vejo, esta marca de expressão não estava ali ontem de manhã, ou estava e nem percebi? Isso não importa! Ao escovar meus dentes me preocupo se a pasta dental irá deixá-los suficientemente brancos para exalar um sorriso radiante as pessoas que irei encontrar ao longo do dia, a embalagem promete isso. Meus cabelos já nem brigo mais, não adianta, ao olhá-los no espelho eles parecem me dizer que tem vida própria. Lavo meu rosto, e é boa a sensação de sentir a água fria tocando minha pele, me causando alguma sensação. Sentir a água gélida da manhã me desperta, me incomoda, me faz vivo. Só então, depois de me olhar novamente no espelho e perceber os castanhos claros de meus olhos, é que me sinto pronto para sair de casa. Só ali olhando para mim e mais ninguém eu vejo o que é invisível em outros momentos do dia, a vida que há em mim.