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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Coisas i(ni)magináveis


... e quando abriu os olhos estava flutuando, achou melhor fechar um deles enquanto o outro permanecia semi aberto. Era estranha a sensação, nunca havia flutuado antes. Os minutos foram passando e somando em horas, até que ele acostumou. Podia sentir o vento gélido da manhã cortando em alegria seu rosto, sentiu também os  pés tocando a relva molhada com gotas de orvalho. Como pode isso acontecer? Pensou... e pensou mais um pouco, até não querer mais. Nesse momento se lembrou daqueles que malham só o corpo e ficam com os músculos grandes, mas o cérebro cada vez menor. Se sentiu bobo, e isso não era ruim. As vezes é preciso ser bobo para aproveitar coisas simples e viajar sem rumo, permanecendo no mesmo lugar. Foi quando viu um lago verde, com cheiro de maça. Foi descendo até tocar de leve a água, e era como se houvesse uma ligação com esse elemento. Decidiu ficar ali mesmo, pois a frente tinha uma montanha cheia de coisas inimagináveis que ele tinha preguiça de saber. Então ele foi descendo, seus pés tocando a água era uma sensação quase que divina. De tão estranho ele estava gostando cada vez mais! Sentou-se a beira do lago e viu peixes em formato de balões saltando sobre a água. Era um refúgio, algo como um outro mundo dentro do mundo, devia ser isso. Ali ele ficou em clima de êxtase, por alguns segundos (ou seriam horas?) até que percebeu ter perdido os chinelos da sorte, por puro descuido. O que iria fazer? Não podia mais flutuar sem eles, e por mais que ele gostasse daquele lugar queria voltar a realidade. Por sorte, essa preocupação não durou muito. O cheiro já não era de maça, mas mesmo assim era bom, então os peixes começaram e explodir e a água sumir, lembrou-se que tudo que é bom dura pouco. Ele não estava triste, afinal esse pouco foi uma incrível experiência, e então ele se percebeu deitado em sua cama, com o cobertor quase ao chão e o relógio marcando 10:30 da manhã, lembrou que deveria estar de pé as 8:00.