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domingo, 15 de dezembro de 2013

Devaneios em um domingo de Chuva



Horas fingem passar, e eu nem me preocupo em acompanhar o relógio. Lá fora cai gotículas de maravilhas em forma de chuva, me fazendo ficar por alguns instantes na janela a admirar. É lindo ver na dança do vento a água caindo, o cheiro da terra e as lembranças surgindo. Eu me lembro de coisas que ainda não vivi, e me vejo parado em lugares onde eu te vi. E então, uma gota de chuva (ou vida)  molha meu rosto, e eu volto em plena consciência, ao lugar de onde eu nunca deveria ter saido, do momento presente. E é maravilhoso perceber que essas lembranças existiram, mas não estou mais nelas. Eu vejo o caminho, eu vejo a neblina, e eu vejo o sol a iluminar... essa deve ser a ordem das coisas. Sinto saudades, mas sinto vontades ainda maiores de ir em frente... seguindo e indo, até chegar lá. Então enquanto eu devoro leite condensado, eu percebo, mais uma vez, o quanto coisas simples da vida fazem toda a diferença na existência. O óbvio, como bem disse a linda Clarice, é a verdade mais necessária e difícil de ser vista, exatamente por ser óbvio demais.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Gosto muito de você Leãozinho...

Perco o sono, enquanto perco o rumo. Barulhos baixos ensurdecedores ecoam pelo quarto, chegam na sala e não dizem adeus, mesmo com a porta já aberta. Mesmo sendo 7 da manhã, meus sentimentos já agitam dentro de mim. Sou como uma casa para eles, são como “filhos” para mim, sempre voltam. O tempo, ele não quer resolver isso para mim! Primeiro identifico uma angústia, depois um vazio, que pode ser só fome. Logo após, o pior sentimento: solidão. Esse corroe e me faz lembrar de você, mesmo sabendo que você já não lembre mais de mim. Incertezas completam essa nuance, e me trazem a certeza de ser essa, uma história inacabada. Eu, apenas um jovem adulto, mas com uma idade emocional amorosa beirando a adolescência. Não deu para perceber? Como um garoto de quinze anos que acorda com uma imensa espinha no rosto. Fui pego de surpresa ao perceber a paixão, o fogo, o desejo de estar. Era muita coisa para um adolescente de vinte e poucos anos, cheio de espinhas emocionais aguentar, então ela veio toda sorrateira: a incerteza. Será que você realmente gosta de mim? Sabe quando o seu pior inimigo é você mesmo, foi assim... Não conseguir lidar com  um sentimento me fez agir assim, inconsequente. Era tudo uma defesa, eu agi para me preservar. Hoje já sou grande o suficiente par entender que todo relacionamento não termina somente de um lado, ambos foram responsáveis de alguma maneira. Assumo sua culpa, a minha sempre me pertenceu. Hoje, depois de alguns anos, eu ainda percebo que amo você.. e por amar eu deixo a vida levar, como as ondas do mar... o que for realmente meu, um dia voltará. Se isso não acontecer, melhor assim, cabeça erguida e peito aberto para  o que a vida ainda há de me reservar.



sábado, 19 de janeiro de 2013

Dama da noite




E nesse dia ele acordou diferente, acordou pessoa, olhou no espelho e disse: 

Eu procuro toque, abraço, ouvir sinos, pele com pele, olhos que falam mais que palavras!!

E claro, ele ( pessoa ) queria sorrisos capazes de iluminar um dia inteiro.

Pegou gosto por poesia, morangos, mato e olhos que falam mais que palavras.


Aprendeu a gostar de cinemas, cheiro de maça com mirra e velas.

Admitiu se encantar por sorrisos radiantes, pele morena e cabelo cacheado.

"Coisas assim, é só o que preciso para aprender a viver de cor e salteado"


Já era tarde e como cantara Luiza " 5 da tarde tudo arde, coração e céu", sem tardar
anoiteceu...


E então a noite tinha cheiro de mato, cheiro de flor... dama da noite.



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Eu e ele

Vou falar sobre o que? Sobre o que me consome. Era como uma fome, voraz e sedenta. O vento era seu acalento, uma vez que o deixava vivo. Sim, ele estava com fome... e alguém com fome desse jeito caça. Era um caçador, de palavras. Elas são difíceis demais, pois são incertas. Ora são frágeis, ora rinocerontes! Entretanto é delas que ele estava com fome, de palavras. A única coisa certa era que elas são junções de várias letras, onde uma a uma formam um significado. Mas isso é mentira! Eu e ele fomos traídos pela palavra ( morde e assopra). Como pode amor significar dor? Isso parece loucura! Para uns é o sentimento mais lindo, cheio de luz e cerejas em calda. Para outros é símbolo de sofrimento e lágrimas caídas. Quanto sentimento se esconde atrás de uma só palavra. Tenho medo delas às vezes, ele também. Palavras podem deixar confusas as coisas quando existe ambiguidade. Ele ( e não eu) quando era criança escutou uma mulher gritando " Onde está o cachorro do seu namorado"?. Ficou pensando se o cachorro era branco e peludo, só depois foi descobrir que o cachorro era o próprio namorado. Palavras são indigestas, nunca se sabe que sabor elas podem ter até elas atingirem você. Eu concordo com ele quanto a isso. Mas sabemos 
( eu e ele) que somos filhos de falantes, e assim sendo, temos essa ferramenta para nos diferenciar dos outros animais, pois nenhum outro animal tem a capacidade de comunicação que nós humanos temos. Isso é lindo! As palavras constroem sentidos e significados e influência  nossa subjetividade. Elas destroem também, ele me disse que uma palavra certa vez o atingiu no coração, doeu como uma flecha. Eu acho que elas despertam sentimentos também. Elas me permite dizer que Eu sou eu e Ele pode ser você, ou apenas a soma de três letras agrupadas E-L-E. O sentido é só seu, ou só meu, ou só d'ele.