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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Decifra-me


E o que era pra ser. Ainda é um pode ser, e talvez logo não será!
Ele não sabia, talvez não quisesse, embora sabia que queria. Mas igualmente incerto,
que nem o dia de amanhã, Ele se encontrava.
Aquela angústia, maldita angústia que fincara no peito, queria sair. Se libertar em forma
de um choro, sem lágrimas, mas é um choro! Um choro de alma, talvez do coração! Mas o coração chora? Pensava Ele. Não entendia, mas sabia. A saudade era tanta que beirava ao insuportável. Aquela pessoa que a tão pouco tempo conhecia, já havia conquistado um espaço maior do que se podia dar! O coração que antes era de pedra, ainda assim continua. Mas é uma pedra que bate, que pulsa e como pulsa! As vezes até dispara. Não o peça para se explicar, Ele não vai conseguir! Explicações não podem traduzir algo que é novo, e é novo porque antes nunca fora sentido, não de forma tão intensa. É um terreno tão lindo que Ele se jogaria de ponta cabeça, mas o medo de quebrar o pescoço o impede, o paralisa. É um misto de sensações, talvez uma invenção delas! Mas era. Existia. E existia porque Ele sentia. Seria amor? Ele não sabia, e nem queria saber. Bastava só sentir! E estava sentindo. Tanto que era até perigoso. Mas o jeito de ser dele parece que atrapalhava, um braço era curto demais. Não se ajeitava! Ou pelo menos achava que não. Sua forma de ser era deveras única, como todos os corpos também o são. Era meigo, doce e sensível, mas ao mesmo tempo era tão rude e inacessível! Talvez estivesse se descobrindo. É deve ser isso, Ele estava se construíndo. Talvez fosse um rascunho, cuja arte final só estaria pronta no leito de morte. Daí não existiria mais, ou não? Talvez depois de pronto Ele fosse morar no céu, ao lado de Madre Teresa e São Francisco. Mas agora, enquanto rascunho, Ele só sabia que Ele sentia, e isso já estava de bom tamanho. De poucas palavras, Ele fere facilmente! Mas tem bom coração, isso tem. Parece que a capacidade de odiá-lo estava intrinsicamente ligada a habilidade de amá-lo. Ele sabia perdoar, sabia respeitar a vida de outros seres que como Ele, eram humanos. Mas era irritável também, sempre sentindo. Não parava de sentir! Até onde isso chegaria? O sentimento se tornava verbal, as palavras proferidas nem sempre eram aquelas que queriam ser ouvidas. Mas de uma coisa Ele não se arrependera, de ser sincero! Foi sentindo que Ele resolveu dizer: " Não consigo decifrá-lo, e isso me irrita. Prefiro me afastar de você".

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

(A)prendendo


Sou livre, mas tenho que colocar grades em minhas janelas.
Sou livre, mas simbolicamente a prisão armou sua tenda ao lado, muito próxima a mim.
Aprendi que a liberdade para muitos é mito!
Estou aprendendo que a liberdade pode ser a destruição de seres que sem a base de valores e normas sociais, ficam sem chão.
Não conseguem se estabilizar sem um referencial!
Agora só as grades em minhas janelas não bastam, tenho também, cerca elétrica em todo arredor de minha casa.
Mas ainda não me sinto seguro. Faltam ainda as câmeras de vigilância e um segurança pessoal.
Dia desses vi um policial a prender um sujeito na rua, perto de casa. Ele vai para um lugar com muita vigilância, cerca elétrica, câmeras e grades. Esse lugar, por incrível que pareça, não é a minha casa.