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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Poção do Amor

Coração acelerado, mãos trêmulas, suor em excesso.
Nó na garganta miscigenada a uma vontade intensa de gritar, de viver...
de amar.
Um pensamento salta ao consciente humano. Todas as pessoas estão sujeitas a se embriagarem com o vinho do amor! Para compreender melhor os efeitos do amor romântico, trago aqui algumas concepções da Psicologia Jungiana. Para Jung existem duas forças opostas na psiquê, porém é necessário que estas forças se unifiquem. Ele constatou que a psiquê é andrógina, ou seja, possui componentes masculinos e femininos. Os opostos se equilibram e se completam mutuamente.
" Só o que está separado pode ser devidamente unido"
É como se procurassemos algo cuja falta é sentida o tempo todo, como se buscassemos a totalidade do ser.
A cultura ocidental é fortemente influênciada pelo romantismo. O ideal do amor romântico surgiu em nossa cultura por volta do século XII com o "amor côrtes". A cortesia no relacionamento baseava no culto de um amor além do humano, era um amor divino, espiritual. O cavalheiro e sua amada não podiam ter nenhum contato físico, pois a mulher era a representação da perfeição. Tocá-la era o mesmo que reduzi-lá a uma mortal. Ela podia se casar com outra pessoa, mas a chama ardente do amor entre eles deveria ser cultivada até a morte. Pode-se perceber até hoje a influência do amor cortês em nossa cultura. Quando alguém bebe da Poção do Amor é como se forças psicológicas fossem ativadas. A pessoa amada deixa de ser humana aos olhos do apaixonado. Tudo é tão belo e surreal! A medida que a poção age nos apaixonados, ela faz com que sejam projetados na pessoa amada, diversos desejos inconscientes. Tem-se a sensação da "metade da laranja" encontrada, a parte que faltava para completar o que antes era incompleto. É idealizado alguém que vai além do humano, uma vez que a pessoa amada, é a representação de algo divino. Tudo será tão perfeito assim para sempre? Claro que não. O vinho embriaga, faz bem, alegra e transforma. Porém deixa ressaca no dia seguinte, pode-se dizer que algo parecido ocorre com os enamorados. A Poção do Amor tem prazo de validade. Um ser humano é visto como aquele capaz de dar sentido a vida do apaixonado. Exigi-se tanto da outra pessoa, tanta responsabilidade lhe é dada. Robert A. Johson citou em um de seus livros" É por isso que homens e mulheres exigem coisas tão impossíveis de seus relacionamentos: nós realmente acreditamos inconscientemente, que esse ser humano mortal tem a obrigação de nos manter sempre felizes, de tornar nossa vida significativa, vibrante e plena de êxtase". Até que ponto a pessoa amada será capaz se sustentar nossa demanda? Quando o encanto se dispersa e passamos a enxergar o outro como ele realmente é (humano e limitado como qualquer pessoa) o relacionamento muda. É comum ouvir frases de namorados dizendo " você não é o que eu imaginava que fosse" ou " você mudou tanto". Isso acontece quando o efeito delicioso do vinho passa, a projeção se transforma. Porém as pessoas podem conviver bem, muito bem, mesmo tendo passado a sensação de paixão avassaladora. Digo mais, se depois do encanto passar ainda houver sentimento de querer e aceitação pelo outro da forma que ele realmente é, existe aí uma oportuniade de construir um relacionamento estável.

11 comentários:

  1. Uauuu Joel, grande texto, primeiramente porque Jung é meu grande mestre da pscologia, segundo porque vc mesclou história, psicologia comportamental e filosofia.
    Se o encanto se acabar e existir amor, o relacionamento continuará duradouro e perene, sempre com altos e baixos como você bem descreveu, nem sempre tudo é alegria e concordãncia.
    Um fator que vc não relatou mais é muito importante no relacionamento, é o fato de que as pessoas se enamoram cedo, e com o passar dos anos vão amadurecendo, o que ocasiona nas mudanças e que por muitas vezes põe fim a um relacionamento. É preciso sempre focar que um relacionamento é composto por duas pessoas didtintas, que evoluem, reveen preceitos e amadurecem. Um tem que acompanhar essas mudanças no outro de forma naturas e sabendo respeitar.
    Falei demais né amigo Joel....rs.rs.....
    Gosto muito do que você escreve e de sua postura, estar convivendo contigo tem sido bem engrandecedor.

    Abraço forte

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  2. É isso mesmo.

    Você foi quase um terapeuta do amor. (rsrs)

    Abração.

    Pedro Antônio

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  3. Amor romântico pra mim é invenção. Quem acredita nisso a vida inteira é babaca. Os casamentos só são duradouros quando não há esse romantismo exarcebado.

    abraço Joee

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  4. então colocar romance e amor na perspectiva racional/psicológica me deixou mega intrigado... google reader no seu blog! =D

    mas eu continuo avesso ao tema...

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  5. Hoje em dia esse lance do amor tá tão banalizado, que, basta a pessoa se apaixonar, se atrair fisicamente por outra, que já acha que ama. Paixões temos muitas, mas amor... Amor, o verdadeiro, dificilmente o encontramos, mas quando o temos, é pro resto da vida...

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  6. Joel,
    Denis de Rougemont escreveu o interessante "História do Amor no Ocidente", e lá ele fala sobre o amor cortês, citado por você. Sim, o amor é uma invenção bonita, mas, como tudo na vida, criado e recriado. E estamos a recria-lo. Como diria o Rimbaud, temos de reinventar o amor. A adolescência tem uma versão (um ensaio): o ficar. Quem vai questionar nos dias de hoje que não é uma variação de amar?
    A filosofia vai!
    É que não é agradável o racional, apenas o que nos causa prazer, aida que na cauda, venha um ferrão. Temos de sofrer, porque, como disse Monsieur Rougemont, "o amor feliz não tem história." (rs)

    Abraços de quem o admira,

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  7. Oi Joel! Venho lhe fazer um convite. Pode parecer meio pretensioso, mas é isso que tenho feito. Todos os dias eu convido algumas pessoas para lerem os meus textos. Eu escrevo é para quem lê mesmo. Bem, na verdade, primeiro eu escrevo pra mim, mas logo depois é para quem for ler. (sorrio). Assim cheguei até você e até todas as pessoas que estão fazendo do meu blog um organismo vivo e cheio de energia.

    Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

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  8. Joel, eu adoro Clarice. Quanto ao ìmã, já não o tenho mais, dei pra uma amiga, mas eu ainda guardo recortes e revistas sobre ela. Mas tento me manter distante também, pra que essa paixão seja gostosa, não me asfixie, se é que isso é possível! Abração!

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  9. Oii Joel, tudo joiaa? hehe, comigo tudo ótimo!! Bom, não concordo com algumas coisinhas mas confesso que sou muito romântico. Adoro ser romântico, adoro pessoas românticas. E acredito que o amor pode sim durar muuitos e muitos anos, até a morte. Basta estar com a pessoa certa.E isso é raro, mas não é impossivel.
    abraços.

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  10. Muito bom seu post. Eu concordo em partes com seu ponto de vista. A pluralidade de identidades e o dar e receber e claro as diferentes personalidades vão construindo e destruindo relacionamentos, não essa de relacionamentos terem de durar, ninguém é mesmo obrigado a nos fazer felizes e nos aturar sempre e todos os dias, há dias que mesmo sabendo do amor do outro, precisamos de dsistancia, de tempo e solidão...
    abraço

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  11. Joel Vieira, eu encontrei o Faces durante uma sessão de visitas que eu realizava. Decidi entrar, pois, por coincidência, há uma revista com este nome aqui na minha cidade.
    Fiquei muito feliz de estar lá e depois lhe ver aqui. Isso é muito gratificante. Abraço, amigo e tenha uma ótima semana!

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