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quinta-feira, 11 de março de 2010

22



Criança, adolescente, adulto...

Por etapas nossa história de vida vai sendo construída. Acredito ser a vida um processo, um lento e gradual processo.
Quando nasci meus pulmões se encheram de ar eu chorei, chorei tanto a ponto de ficar com meu pequeno corpo todo envermelhado. Não sabia que ao longo do meu existir, aquela cena se repetiria.

Porém ao ser inserido em um mundo abarrotado de significados, sentidos e convenções sócio-culturais, estabelecidas ao longo de muitos anos fui "moldado".

Aprendi com papai e mamãe (que por sinal também aprenderam com seus antepassados) que azul é cor de menino e rosa é de menina. Me disseram que eu como menino deveria brincar de carrinho, jogar futebol, soltar pipa e não podia chorar. Sendo assim, já que não podia demonstrar meus sentimentos, não vi outra saída senão reprimi-los. Adolescente de poucas palavras, continuei aprendendo que para ser aceito em um grupo de amigos, era preciso gostar das mesmas músicas, usar o mesmo estilo de roupas, sair para balada e azarar.

Aprendi também que homem nasceu para a mulher e mulher nasceu para ser dona de casa, esposa e mãe.
Qualquer pessoa que fuja a essas "regras" são vistas pela sociedade de forma diferente. Nunca entendi o porquê. Mas quem era eu para entender alguma coisa? Agora, enquanto um adulto jovem, percebo o quanto existem interesses por trás de tudo o que me ensinaram.

Começo a ter maior clareza do quanto nos tornamos alienados. As elites fazem das pessoas apenas engrenagens para continuarem alimentando o sistema.
Será que esse choro reprimido que trago em mim não passa de uma construção social? Penso que tudo isso nada mais é do que a forma como me ensinaram a enxergar o mundo e a mim mesmo. Porém, hoje completando 22 anos, isso me motiva. Não sou mais o mesmo de antes, o tempo vôou e nem percebi. Estou hoje melhor do que nunca estive. Sinto ânimo de lutar por uma sociedade melhor. O conhecimento é a principal arma que disponho para isso !

8 comentários:

  1. feliz aniversário
    e muitas mudanças para vc! é assim que se vive, né? =)

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  2. Mudanças serão sempre bem vindas Leandro! Obrigado

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  3. Duas palavras pra vc:

    Feliz Aniversário. rs

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  4. Mais algumas palavras... rs

    Senti um tom de conspiração em suas palavras. E a culpa é sempre, óbvio (assim como em qualquer redação de vestibular ou do cursinho) da sociedade, do senso comum ou do governo. rs Nem tudo é assim um plano do mal, sacou?!
    Mas te entendo totalmente. E discordo que a principal arma seja o conhecimento. A principal arma é a libertação.
    Não precisa ter conhecimento pra se libertar. Não tem fórmula. Tem muita gente que tem muuuuito conhecimento e mesmo assim é presa dentro de si.
    A libertação é um processo longo, lento e gradual. Outras armas mais eficazes que o 'conhecimento' podem ser usadas.
    Eu super recomendo: poesia, música, arte.
    Espero que em breve as correntes caiam.

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  5. Suas palavras e recomendações são bem vindos! =)

    Então, acredito que o social está presente em toda parte, inclusive nas pessoas(obvio.Somos seres que precisam de interações com nossos iguais para nos constituir pessoas. Portando quando vc se refere a culpa ser sempre da sociedade, do senso comum ou do governo é importante ressaltar que eu nao me excluo dessa culpa. Eu também faço parte do social, também ajudei a eleger quem está no governo... então tenho minha parcela de culpa naquilo que acredito que não esteja de acordo com minha foram de enxergar o mundo.
    Quanto ao conhecimento me refiro como principal arma para mim pq acredito ele ser um importante instrumento para agir diretamente no mundo. Musica, poesia e arte eu adoro! Mas foram criados ao longo de um processo historico e foi necessario aplicar conhecimento para isso.
    E concordo plenamente com vc quando se refere a pessoas dominadoras de muito conhecimento que não se libertaram. Mas tb penso nao hever jeito de se libertar totalmente nunca, somos alienados sempre. Uns mais que outros claro! rsrs

    Adorei sua exposição de pensamentos!
    Bem vindo ao Faces e me segue tb aí uaaaai

    Abraços !

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  6. Música, arte e poesia podem sim ser vistas como conhecimento e produção história e bláblábla. Mas tenta olhar pra elas nú. Sem nada. Sem historicidade e demagogia.
    As vezes a alienação liberta.

    Pense nisso.

    ps: Eu não retribuo comentários. Já desisti disso há algum tempo. Apenas comento coisas que me atraem atenção e me fazem desplugar.

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  7. Eu realmente não consigo olhar para música, arte e poesia sem levar em conta a historicidade. Até mesmo pq nada surge " do nada". Minha concepção de homem e fenônemos é historico-cultural!
    Mas como te disse, consigo aderir em minha vida essas questões, elas realmente libertam. Sem contar que as vezes possa nao ser tao vantajoso se libertar!

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